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Exu Sete Encruzilhadas

Foto do escritor: Gelson CelistreGelson Celistre

Para o Exu Sete Encruzilhadas nenhum caminho está fechado, é chefe de falange e suas cores são o preto e o vermelho. Para quem não sabe a Umbanda tem sete linhas, que podem ser definidas grosso modo como faixas vibracionais ou frequências, que são representadas pelas entidades Oxalá, Ogum, Oxóssi, Xangô, Yemanjá e a Linha de Santo ou das Almas. Então as entidades que possuem o sete no nome são consideradas mais fortes pois transitam em todas as linhas, na prática, trabalham com qualquer tipo de magia, amor, financeiro, saúde, etc.

O Seu Sete é comumente utilizado em trabalhos de abertura de caminhos, seja no trabalho, finanças, amor ou saúde. Na crença religiosa cada exu tem uma função e muitos tem alguma história envolvendo sua origem, mas na prática o que acontece é que qualquer espírito que se acha forte o suficiente para fazer o que se espera da entidade pode vir a ser essa entidade. Geralmente os espíritos que começam a trabalhar em terreiros são assistentes dos mais antigos e fortes, mas com o tempo acabam subindo de posto e conseguem assumir o posto de uma entidade como exu ou caboclo, e se trabalhar bem pode chegar a ser chefe de falange e ter um sete no nome.

Hoje nos deparamos com um Exu Sete Encruzilhadas e vamos contar sua história. Inicialmente registramos que esse exu estava defendendo um filho seu, um devoto que se diz umbandista e que teve uma rusga com um cliente nosso. Aqui temos uma questão interessante, pois as pessoas imaginam que no astral não existem raças como aqui, mas quando morremos ainda mantemos o fenótipo de nossa última encarnação, então se a pessoa era negra ela continua com as características de um negro e é vista como um negro no astral, do mesmo modo acontece com um branco, ele vai manter suas características fenotípicas e vai ser visto como um branco, ou seja o racismo não acaba com a morte, do outro lado não somos todos irmãos.

Digo isso porque o filho que o Exu estava defendendo é uma pessoa branca e ele no astral como ele mesmo se definiu é um negro retinto. Isso tem que ser levado em consideração devido a história desse espírito que atuava como exu, e que já vimos acontecer com vários outros espíritos que atuam em terreiros. Esse espírito que agora se apresentava como Exu Sete Encruzilhadas, que chegou esbravejando para defender o seu filho, que faz todas as obrigações para ele e tal, foi um feiticeiro na África, o guia espiritual de uma tribo, que foi capturado para ser vendido como escravo aqui no Brasil. Acontece que ele não chegou vivo aqui, morreu num navio negreiro durante a viagem, mas decidiu ficar acompanhando os negros para os ajudar com seu conhecimento e magia.

E ele fez isso por vários séculos atuando no astral, não teve nenhuma reencarnação depois de ter morrido naquela viagem. A princípio ele ajudou os negros em seus feitiços contra os brancos, mas o tempo foi passando e os brancos se imiscuíram nas religiões afro e a pessoa que hoje o Exu Sete Encruzilhadas estava defendendo com toda sua fúria, foi um fazendeiro dono de escravos em vida passada. Ou seja, mais um espírito que tinha a intenção de proteger os seus e acabou se perdendo e trabalhando para o inimigo. O Exu ficou até sem graça quando mostrei a ele o passado do seu filho, pois ele mesmo nunca se deu ao trabalho de verificar para quem estava trabalhando. O Seu Sete foi encaminhado para uma cidade no astral com cerca de 120 espíritos de negros escravizados nessa frequência em que o filho do exu era fazendeiro e mais uns 1.200 espíritos que estavam no terreiro em que esse exu atuava. E para quem não sabe, existem muitos espíritos de negros escravizados em terreiros, tanto por pais ou mães-de-santo que foram donos de escravos como por espíritos que foram escravos mas que atuam como entidades nesses terreiros.

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