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Exu Sete Covas

O Exu Sete Covas é dito ser da Sétima Linha da Quimbanda, trabalhando sob as ordens de Omulu e do Exu Sete Encruzilhadas e seu campo de trabalho é o cemitério. Supostamente sua função seria evitar a contaminação da terra com a energia ruim dos defuntos no cemitério, então ele deve se alimentar dessa energia, pois dizem que ele atua sobre o esgotamento dos espíritos desencarnados. Também tem uma estória supostamente de sua origem em que ele seria um negro bonito que servia sexualmente às sinhás e um fazendeiro descobriu e mandou ele ser desmembrado por sete cavalos. Pelo que sabemos da crueldade de que os negros escravizados foram vítima aqui no Brasil não duvido, mas se isso for baseado em fatos reais é apenas a história de um desses Exus, recentemente me deparei com um Exu Sete Covas e sua história era bem diferente.

Atendemos uma moça com queixa de: "Não consigo focar nas coisas que realmente quero fazer, minha cabeça vive atormentada, mudo de ideia muito fácil, não consigo ficar em paz." Como ela relatou que tem mediunidade e que descobriu isso quando foi tomar passe num terreiro já antevimos qual era o problema, que se confirmou quando fizemos o atendimento, havia vários espíritos do terreiro querendo trabalhar com ela, que devido a mediunidade sente a perturbação em sua mente. Não eram espíritos ruins, apenas queriam que ela fosse ao terreiro para trabalhar com eles, não apenas para tomar passe. O líder desses cinco inclusive, que era o Exu Sete Covas, já a conhecia de uma vida passada.

A moça em questão foi uma sinhazinha numa fazenda de escravos e naquela vida passada já tinha mediunidade, porém, na época achavam que era algum tipo de perturbação mental, loucura, mas um escravo da senzala sabia o que era e convenceu a mãe dela a deixar ele a tratar. O escravo era pai-de-santo, fez a cabeça dela no santo e a botou para girar, receber as entidades no terreiro da senzala, tudo claro escondido do pai da moça. Com a mediunidade em desenvolvimento ela conseguiu ter uma vida normal, se casou e teve filhos. O marido só descobriu que ela girava depois de casado, não gostava mas teve que aceitar.

Séculos depois a sinhazinha vai tomar passe num terreiro e lá está seu pai-de-santo daquela vida, agora atuando como Exu Sete Covas. Conversei com o Sete Covas sobres sua origem, e ele me disse que foi escravo em três vidas aqui no Brasil. Ele tinha 13 anos de idade quando foi capturado na África e trazido ao Brasil como escravo, lá já estava sendo preparado para ser feiticeiro e aqui aprendeu mais com outros escravos.

Ele morreu e voltou para a África no astral, reencarnou lá e novamente foi capturado e trazido para o Brasil como escravo pela segunda vez. Após sua morte nessa segunda vida como escravo aqui no Brasil ele volta para a África, reencarna lá, e mais uma vez foi capturado e trazido como escravo para o Brasil pela terceira vez. Essa terceira vida como escravo foi a mais curta, morreu logo após chegar aqui, e desistiu de voltar para a África, ficou aqui no Brasil trabalhando em terreiros.

Nas frequências dessas três vidas passadas em que ele foi escravo aqui no Brasil resgatamos mais de 4.000 espíritos de negros escravizados. Mostramos ao Sete Covas para onde levamos os espíritos resgatados e ele aceitou ir com eles, experimentar uma nova vida, mas com a possibilidade de voltar se quiser. Os outros quatro espíritos que queriam ser os guias da sinhazinha foram com ele. Por trás dos mitos onde cada entidade de terreiro tem uma função estabelecida, existem espíritos que sofreram tanto que esqueceram sua origem, muitos como esse Sete Covas desistiram de voltar para casa e fizeram dos terreiros sua nova casa, vencer as demandas que lhes são solicitadas passou a ser seu único propósito de vida. Felizmente, muitos como o Exu Sete Covas estão sendo resgatados e tendo a oportunidade de trilhar novos caminhos.

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