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Cura Gay

A sexualidade ainda é um tema muito importante na nossa cultura e motivo de discussões acaloradas entre os que se dizem conservadores e os liberais, uns defendendo e querendo impor a heteronormatividade e outros que não se enquadram nesse espectro, como lésbicas, gays, transexuais, não binários etc. lutando para terem os mesmos direitos dos heterossexuais. Não é de hoje que os homossexuais sofrem discriminação e mesmo com todo o esforço de entidades organizadas para acabar com o preconceito ele ainda existe e muitas pessoas chegam a se casar com uma pessoa do sexo oposto para aparentarem serem heterossexuais, temendo assumir sua homossexualidade e sofrer o preconceito da sociedade. E por mais incrível que pareça chegou a tramitar na Câmara dos Deputados um projeto de Cura Gay, por duas vezes em 2011 e 2013 tentaram derrubar a resolução do Conselho Federal de Psicologia e o tal projeto chegou a ser aprovado na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, mas foi pedido o cancelamento da tramitação 15 dias depois pelo próprio autor do projeto.

O projeto Cura Gay, também conhecido pelos nomes Terapia da Reorientação Sexual, Terapia de Conversão ou Terapia Reparativa, consiste no conjunto de técnicas que tem o objetivo de extinguir a homossexualidade de um indivíduo. Tal conjunto de técnicas inclui métodos psicanalíticos, cognitivos e comportamentais. Além disso, são utilizados tratamentos de ordem clínica e religiosa. O assunto se tornou extremamente polêmico por se referir à orientação sexual como uma doença, já que a palavra CURA implica a eliminação de um “mal”. Entretanto, desde a década de 90, a OMS (Organização Mundial da Saúde) descartou qualquer possibilidade de que a orientação sexual dos indivíduos esteja relacionada à uma doença. Assim sendo, a OMS determinou que a homossexualidade pode ser definida como uma variação natural da sexualidade humana e não deve ser considerada como doença. Dessa maneira, em 1999, o Conselho Federal de Psicologia proibiu que seus profissionais fizessem parte de quaisquer tipos de terapias que tenham o objetivo de alterar a orientação sexual de qualquer pessoa. Seguindo o mesmo caminho, o Conselho Federal de Medicina também deixou claro que a homoafetividade deixou de ser vista como uma condição patológica pela classe médica há mais de 30 anos. (Fonte: Jusbrasil)

Comentamos isso para reforçar como nossa cultura tem uma necessidade muito grande de normatizar as condutas sexuais e como usam isso como uma forma de opressão. Imaginem se um projeto como esse é aprovado? Os pais poderiam internar coercitivamente os filhos gays para os curar, imaginem a violência física e psicológica de um ato como esse e como ficaria depois a mente da pessoa submetida a tal vilipendiação.

Esse preâmbulo todo é para relatar um caso que atendemos hoje que envolve uma mulher bissexual e um rapaz gay, sendo que a mulher é encarnada e o rapaz está morto há uns 50 anos. O rapaz gay entrou para um seminário, provavelmente já por pressão dos pais por ele ser gay, e no seminário ele sofreu uma pesada doutrinação religiosa na qual lhe incutiram na mente que ele iria para o inferno se tivesse um comportamento homossexual.

O rapaz temendo as chamas do inferno passou a se punir fisicamente, começou a se flagelar como forma de penitência. Mas aconteceu uma espécie de transferência e o rapaz passou sentir um prazer sexual com a dor, se tornou masoquista, cortava os braços e sentia prazer até que um dia passou dos limites, se cortou muito, teve uma infecção e morreu antes de ser ordenado padre. Depois de morto como não foi para o paraíso o seminarista gay achou que estivesse no purgatório e ficou numa igreja, até que a mãe dessa mulher que atendemos foi nessa igreja rezar pela filha para que ela não fosse gay, para que não se relacionasse com meninas, queria uma cura gay para a filha na base da fé, acendeu velas, fez promessas e até mandou rezar uma missa com essa intenção. O espírito do seminarista gay ouviu as preces da mãe da mulher e viu isso como uma espécie de missão, se ele evitasse que a mulher fosse gay ele iria se redimir e finalmente poderia ir para o paraíso.

O espírito do seminarista gay então passou a vigiar o comportamento da mulher e a induzir a não se relacionar com outras mulheres e estava dando resultado pois ela estava há mais de 10 anos se uma namorada e só descobrimos a presença desse espírito porque ela achou uma professora dela parecida com uma ex-namorada e aí lembrou dela. O seminarista gay temendo que ela tivesse uma recaída fez ela não se sentir bem faculdade, fez ela lembrar de outros relacionamentos com mulheres associando que fizeram mal a ela, etc. A solução foi obliviar o espírito do seminarista gay e o encaminhar para tratamento pois ele ainda estava muito perturbado. O desejo de uma mãe pela cura gay da filha afetou os relacionamentos da filha durante muitos anos. Nos últimos 50 anos pouco se avançou nessa questão da sexualidade e muitos pais ainda não aceitam a sexualidade dos filhos, chegando como nessa caso a recorrer a orações e promessas para obter uma cura gay através da fé.

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