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Feitura de santo

Atualizado: 7 de jul.

A feitura de santo, feitura de cabeça, fazer a cabeça no santo ou fazer o santo, grosso modo, é um ritual de inciação em religiões de matriz africana como o Candomblé e a Umbanda no qual o adepto cria uma ligação com uma entidade que seria seu orixá de cabeça ou santo. É um processo que geralmente dura 21 dias em que o adepto fica no terreiro dentro de um quarto escuro, o roncó, onde tem os assentamentos do pai/mãe-de-santo e passa por diversos processos que envolvem banhos de ervas e o consumo de comidas ritualísticas, envolve em alguns casos a morte de animais e o sangue é passado no corpo do adepto. A finalidade na prática é criar uma forte conexão entre a entidade e o iniciado, que passa a ter a proteção da entidade e é guiado por ela. E isso não é de graça, uma feitura de santo pode custar milhares de reais.

Nos deparamos com um caso em que a pessoa fez a cabeça no santo no Candomblé e depois, por razões particulares, decidiu desfazer. Nós fazemos a desconexão de iniciações em religiões, seitas, cursos ou terapias e essa pessoa nos procurou para isso. Aqui temos uma situação com a qual já nos deparamos antes, que é a diferença entre a teoria e a prática na religião.

As pessoas que seguem essas religiões acreditam que o seu santo de cabeça é uma entidade superior, evoluída, uma divindade, um orixá, mas na prática o que ocorre é a conexão do iniciado com um espírito comum assim como ele. Já relatamos esse tipo de situação antes, de entidades que se apresentam, por exemplo, como exus e que não são o que a teoria apregoa e os adeptos rebatem que então não era um exu de lei, um exu batizado, era um quiumba ou qualquer outra coisa e me criticam por eu tratá-los por exu. A questão é a seguinte, se o espírito se apresenta num terreiro como exu, é reconhecido pelo pai ou mãe-de-santo como exu, fazem o assentamento dele como exu, está há anos no terreiro se apresentando como exu, e aí quando se descobre que é um espírito qualquer os puristas da religião vêm dizer que não era um exu de verdade e não pode ser chamado de exu aí é uma questão de hipocrisia semântica ou ignorância.

Não vamos entrar nos pormenores da feitura pois não é a finalidade desse relato, toda religião tem seus rituais, o que queremos ressaltar em primeiro lugar é que o santo, seja o nome que for, Oxóssi, Iemanjá, Ogum, etc. é um espírito como qualquer outro, não é uma divindade superior, não é um Orixá, quando muito pode se dizer que é uma entidade que atua na linha de determinado Orixá, ou seja, que trabalha com a energia da natureza representada por determinado Orixá.

Em segundo lugar, e é o que para mim é mais grave, é que em vários casos semelhantes que já tratamos, a entidade, o santo, além de não ser nem do bem, ainda era um obsessor do iniciado, ou seja, na feitura de cabeça reforçaram a conexão do obsessor com o obsidiado. O sujeito foi fazer a cabeça na ilusão de que se conectaria melhor e receberia a proteção de seu santo, e saiu mais conectado ainda com um obsessor dele de longa data e ainda o conectaram com outro.

Essa situação deve servir de alerta principalmente para pessoas brancas que frequentam religiões de matriz africana, pois é extremamente comum esses brancos terem sido donos de escravos e no terreiro aonde acabam frequentando estão os espíritos de negros que foram escravos deles em vida passada, que passam a se vingar criando diversos problemas na vida do branco. Aliás esse foi o caso em tela.

O sujeito foi sinhozinho, como praticamente todos os sinhozinhos era muito cruel com os escravos, e um dos escravos que lhe foi dado de presente pelo pai, contra quem ele até abuso sexual cometia, lhe obsidiava há anos. Quando houve a feitura de cabeça foi esse espírito que conectaram a ele como sendo o seu santo de cabeça. Não bastasse isso ele fez também um assentamento de Exu em que conectaram a ele outro dos escravos que foram dessa fazenda do pai dele. O santo de cabeça dele, que era um dos escravos, sabia que esse outro escravo atuava num terreiro de Candomblé como Exu e foi ele quem induziu essa pessoa a procurar esse terreiro em questão.

Em resumo, a pessoa tinha um obsessor que tinha contato com outro espírito que queria ferrar com essa pessoa e que atuava num terreiro como exu, o obsessor induziu a pessoa a frequentar o terreiro do exu onde ela foi induzida a fazer a cabeça no santo e um assentamento de exu, onde conectaram a pessoa com esses dois espíritos que queriam acabar com ela. Não cabe aqui o mérito de quem tem mais ou menos débito kármico nessa história, mas sim o fato de uma casa de religião prometer uma coisa que não faz, de não ter nenhuma ética. Não estamos afirmando que isso acontece em todos os terreiros, mas já vimos acontecer em vários, então cabe o alerta.

Um dia desses fui desmanchar um trabalho de magia num atendimento e o espírito do terreiro que cuidava do trabalho reclamou que eu só desmanchava magias deles, que os evangélicos faziam coisa pior e eu não fazia nada, o que é mentira pois sempre que nos deparamos com magia de evangélicos, que eu até já fiz uma postagem a respeito, eu também desmancho, trato do mesmo jeito. A diferença é que muita gente vítima de magia evangélica nem suspeita que isso existe consequentemente não procura por atendimento.

Mas enfim, nós desfizemos as conexões energéticas criadas entre a pessoa que fez o santo e o que seria o santo de cabeça dela e também com o exu. Apenas para complementar, aqui vai outra situação que também não é a primeira vez que nos deparamos. O pai-de-santo que estava oficiando essa feitura de cabeça e o assentamento do exu foi o pai bilógico da pessoa que ele estava fazendo a cabeça no santo nessa mesma vida passada, ou seja, ele era o dono da fazenda e ainda mantinha escravizados na fazenda no astral 90 espíritos de negros, que ele usava para os trabalhos de magia que faz. Outra situação muito comum, a pessoa era dona de escravos em vida passada e no presente abre um terreiro e ainda usa em seus trabalhos os espíritos dos negros que eram seus escravos no passado. Isso é outra questão que dá muito pano para manga, pois muitos terreiros trabalham com espíritos de negros que são escravizados pelo pai ou mãe-de-santo.

Por fim o santo e o exu foram resgatados juntamente com o escravos que estavam na fazenda.

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